Governo paulista cancela interdição no Parque Bruno Covas – 01/08/2023 – Ciclocosmo

A interdição da extremidade norte do Parque Linear Bruno Covas, anunciada em 21 de julho pelo Governo de São Paulo e prevista para começar nesta terça-feira (1), foi cancelada.

A decisão foi tomada pela Semil (Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística) após pressão de grupos de cicloativistas que pediram uma solução que garantisse a circulação segura de pedestres e ciclistas na região enquanto uma série de obras acontecem no local.

Responsável pela área, a Semil anunciou nesta terça-feira que um desvio será construído e entregue dentro de 30 dias, pela margem leste (oposta ao parque), na altura do bairro Vila Olímpia.

O novo acesso será feito através de uma antiga passarela que cruza a Marginal Pinheiros e a linha 9-esmeralda da ViaMobilidade e serve de entrada à Ciclovia Franco Montoro, na altura da avenida Dr. Cardoso de Melo (zona sul da cidade de São Paulo).

Dentro da área, antes exclusiva às bicicletas, pedestres e ciclistas terão que dividir um trecho de cerca de 1 km até o ponto posterior à Usina São Paulo, onde uma passarela flutuante fará a conexão das margens do rio Pinheiros, possibilitando o novo acesso ao Parque Linear Bruno Covas (margem oeste).

O novo caminho funcionará neste modelo por cerca de 120 dias, prazo estimado pela Semil para conclusão das obras de construção do empreendimento comercial Usina São Paulo e da reconfiguração da Marginal Pinheiros, que acontece para abrir espaço para a futura construção de um condomínio de luxo.

Tanto a usina quanto o condomínio de luxo são obras da empresa JHSF, que durante o anúncio da interdição não ofereceu solução alguma aos usuários do parque. Na ocasião, a empresa apenas indicou a existência de transporte público entre a ponte Cidade Jardim e o acesso alternativo, na ponte Laguna, distante cerca de 8 km das obras.

Segundo a Semil, enquanto o novo acesso pela Vila Olímpia não fica pronto, uma pista provisória de 700 metros, construída em caráter emergencial dentro do próprio parque, manterá pedestres e ciclistas longe da circulação de máquinas.

A obra de contenção da margem do rio, executada pelo governo estadual, e que também colocava em risco a circulação de frequentadores do parque, ficará paralisada enquanto a pista provisória estiver ativa, garantiu a pasta.

Sob Pressão

A solução começou a ser traçada logo após a Folha divulgar que o governo paulista havia tomado a decisão de interditar parte do parque para realização das obras sem oferecer alternativas viáveis de acesso aos frequentadores.

Sob pressão, o secretário-executivo da Semil, Anderson Marcio de Oliveira, convocou duas reuniões com representantes de coletivos de cicloativistas, que já começavam a mobilizar manifestações pela cidade.

Na primeira, realizada no dia 24 de julho, Oliveira teve seu primeiro contato com os cicloativistas desde que assumiu o cargo, e ouviu um resumo histórico das lutas dos ciclistas paulistas, contado pela vereadora suplente e cicloativista Renata Falzoni (PSB): “A gente batalhou décadas para ter esse espaço do parque”, disse Falzoni na reunião, que lembrou também das longas interdições causadas pela obra do metrô na outra margem.

“Na primeira reunião a Semil não estava tão aberta ao diálogo, mas apresentamos possíveis soluções para garantir o deslocamento seguro de ciclistas e pedestres na área próxima da Usina de Traição. Na segunda reunião, realizada na segunda-feira (31/7), a pasta trouxe a devolutiva sobre as nossas propostas. Após avaliarem os impactos e riscos envolvidos, eles acataram as nossas sugestões”, disse o relações públicas Thomas Wang, conselheiro do CMTT (Conselho Municipal de Trânsito e Transportes), um dos sete cicloativistas que se reuniram com o secretário estadual.

Durante a reunião da segunda-feira, os cicloativistas também chamaram atenção de Oliveira para a necessidade de diálogo com o Ciclo Comitê Paulista, órgão formado por representantes da sociedade civil e do poder executivo e que vinha sendo ignorado desde a gestão do governador João Doria (PSDB).

Em resposta à solicitação, a Semil publicou na edição desta terça-feira do Diário Oficial a reestruturação do órgão, que passou a ter um representante do Detran (Departamento de Trânsito) e um representante do CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo).

“O governo passado se aproveitou da pandemia e deixou de realizar o Pedal Anchieta. Também está parada a construção da ciclovia na rodovia dos Imigrantes, que faz parte da Rota Márcia Prado. Estamos questionando a Ecovias e o governo para a entrega dessa obra dentro do prazo, que se encerra em outubro”, disse William Amaral, membro do Ciclo Comitê.

Em entrevista exclusiva para a Folha, o secretário-executivo da Semil disse que a intenção da atual gestão estadual é aproximar os ciclistas das decisões do governo. “Deixei bem claro durante a reunião que a Semil é porta aberta [do governo] para o movimento dos ciclistas. Acho super importante garantir a mobilidade [ativa], ainda mais por ser a Secretaria de Meio Ambiente, e a bicicleta é o veículo que não poluí, não emite CO2. Então para nós é muito importante manter esse ponto de contato e canal de interlocução aberto”, disse Oliveira. “Até o final deste mês vamos fazer a primeira reunião com o Ciclo Comitê”, completou.

Em relação à interdição do Parque Linear Bruno Covas, o secretário disse que o pleito dos cicloativistas tem fundamento e por isso optou pela mudança nas decisões do governo. “De fato tem uma questão de obras que a gente tinha que fazer, mas a gente entendeu que também é necessário manter a ciclovia [do Parque Linear Bruno Covas] funcionando por todo o período. Não faz sentido fechar”.

Questionado sobre a realização do Pedal Anchieta e sobre a construção da ciclovia da rodovia dos Imigrantes, interrompidas pela gestão anterior, Oliveira disse que vai pautar o tema nas reuniões do Ciclo Comitê Paulista.

Procurada, a JHSF não se manifestou a respeito de suas responsabilidades sobre atender os frequentadores do parque afetados pelas suas obras.

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