Marcio Pochmann é nomeado presidente do IBGE

Economista teve nomeação para o cargo defendida pelo PT, mas gerou ruídos e forte resistência do Ministério do Planejamento e Orçamento, pasta de Simone Tebet

O economista Marcio Pochmann foi oficialmente nomeado presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 8, em portaria publicada no Diário Oficial da União. Novo líder foi indicado diretamente pelo Governo Lula e assume o cargo que faz parte do Ministério do Planejamento e Orçamento, pasta de Simone Tebet.

A polêmica indicação de Pochmann gerou críticas e conflitos internos no governo, após anúncio ruidoso da indicação pelo ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, no dia 26 de julho.

Para além do anúncio à revelia da ministra responsável pela pasta, Simone Tebet, que em entrevista à CBN, disse que não tinha que “achar nada” sobre o assunto porque isso não havia sido colocado na mesa, em reunião com o presidente Lula, as críticas entorno da nomeação também enfatizam a escolha política ao invés de técnica para o órgão, visto que economista é altamente ligado ao PT, e até então, presidente do Instituto Lula.

Após anúncio da indicação, Tebet se reuniu com Pochmann no dia 31 de julho para discutirem a nova gestão no IBGE. Segundo nota divulgada pela assessoria de imprensa do ministério, Tebet e Pochmann conversaram a respeito de preocupações comuns sobre a acelerada mudança demográfica brasileira revelada pelo Censo 2022 e os desafios que ela impõe para o futuro do Brasil. Também discutiram sobre uma agenda inicial de trabalho para o IBGE que, segundo a Pasta, passa pela “escuta dos funcionários do órgão”.

A previsão era de que Pochmann fosse oficializado no IBGE após as divulgações do Censo sobre indígenas e foi concretizada após publicação dos dados nesta segunda-feira, 7.

Currículo

Pochmann é do quadro do PT e tem proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele dá aulas de economia na Unicamp, escola de linha econômica majoritariamente heterodoxa. Também foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) entre o fim do segundo mandato de Lula e o começo do primeiro de Dilma Rousseff. Atualmente, preside o Instituto Lula.

Gaúcho de Venâncio Aires, município a 130 km da capital Porto Alegre, ele tem 61 anos e se formou em 1984 pela Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRG). Aos 24 anos mudou-se para Campinas, no interior de São Paulo, onde se casou e tem dois filhos.

Amplamente criticado por economistas e políticos pela indicação, Pochmann já escreveu livros e artigos, ganhou prêmios e ocupou alguns cargos públicos, além de tentar a vida política algumas vezes, sem sucesso.

Pochmann fez pós-graduação em Ciências Políticas pela Associação de Ensino Superior do Distrito Federal e, em 1993, concluiu doutorado em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Passou a lecionar na instituição em 1989, onde também foi pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho do Instituto de Economia.

Mesmo após se aposentar em 2020, ele continuou na Unicamp como professor colaborador. Sempre teve carreira acadêmica dedicada a pesquisas nas áreas de economia social e do trabalho, desenvolvimento, relações do trabalho e políticas públicas e relações. O economista participou da criação dos programas sociais Bolsa Família e Brasil Sem Miséria.

Críticas

Como ex-presidente do IBGE, estou ofendido, diz o economista Edmar Bacha, um dos participantes da equipe que montou o Plano Real. “É um dia de luto para a estatística brasileira“, diz a economista Elena Landau para o Estadão.

Essa foram algumas das críticas a indicação de Pochmann. O anúncio teve fortes críticas de economistas da ala mais ortodoxa e liberal que acreditam que Pochmann é um idealista e trataria o órgão com base nos seus ideais.

O professor também possui críticas sobre sua gestão no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de 2007 a 2012, devido a expurgos de funcionários, projetos extintos por inanição e textos engavetados por serem críticos às políticas do governo.

Apesar das críticas, Pochmann foi defendido pelo presidente Lula e pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que achou as críticas “exageradas”. “Pode-se discordar da pessoa, não tem problema nenhum, mas dentro de uma democracia a gente convive com pessoas que pensam diferente no Congresso, na Câmara, no Judiciário e no Executivo também”, disse.

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