No entanto, o autor propõe uma interpretação que vai além da “narrativa do ódio branco” — a ideia de que “Trump representaria um sistema moral organizado pelo desejo de vingança daqueles que num mundo altamente competitivo foram deixados para trás”.
Em momento algum, Braga nega a existência de racismo, homofobia e misoginia entre a típica classe trabalhadora branca norte-americana, aquela a que nos acostumamos a ver em filmes de época. Mas, por si só, o “ódio branco” não é capaz de explicar a história toda.
Quando Trump falava em retomar as indústrias perdidas para a China, por exemplo, ele não só atiçava o preconceito contra o país asiático, mas também ativava a memória de uma época em que os empregos eram mais estáveis, a seguridade social funcionava melhor e a renda não era tão concentrada. Um período, inclusive, em que os trabalhadores tinham mais tempo para dedicar às suas próprias comunidades. Tudo isso remete a uma evidente sensação de justiça.
A importância dos sindicatos
Por sinal, era uma época em que sindicatos tinham muito mais poder e prestígio do que hoje. No auge do fordismo, entre as década de 1950 e 1960, três a cada dez trabalhadores norte-americanos estavam associados a entidades representativas. Atualmente, o índice situa-se na casa dos 10%.
Para Braga, o enfraquecimento de movimentos organizados dos trabalhadores — “o maior responsável pela democratização das sociedades nacionais” — é uma das principais pistas para entender a queda da qualidade de vida da população, materializada na Grande Recessão de 2008, e a consequente ascensão da extrema direita, não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo.
#Trump #mais #fruto #crise #sindical #ódio #branco #diz #livro